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SARAU FILOSÓFICO: O QUE OS FILÓSOFOS PENSARAM SOBRE A FELICIDADE – Arteiros do Saber
quarta-feira, janeiro 22, 2025

SARAU FILOSÓFICO: O QUE OS FILÓSOFOS PENSARAM SOBRE A FELICIDADE

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SARAU FILOSÓFICO:  O QUE OS FILÓSOFOS PENSARAM SOBR A FELICIDADE

Dia  18 de outubro de 2018 no Restaurante Dock
Tryp Paulista São Paulo Hotel

 

Neste novo encontro público, tentamos discutir os conceitos de felicidade e mostrar como vários pensadores demonstraram estes conceitos ao longo do tempo.

Para os que perderam a oportunidade de estarem presente ao nosso encontro, segue texto sobre a reflexão feita no dia.

O Que os Filósofos Pensaram Sobre a Felicidade

Partindo do que encontramos nos dicionários, temos as seguintes definições:

Dicionário online: estado da pessoa feliz, satisfeita, alegre, contente, a felicidade do vencedor sensação real de satisfação plena, êxito, situação em que há sucesso;

Michaelis: Estado de espírito de quem se encontra alegre ou satisfeito, fortúnio, júbilo;

Infopédia: Tem origem no latim augurium, que significa augúrio e sorte.  Sendo assim, não dependeria do ser humano, mas sim de algo exterior a ele;

Nicola Abbagnano: Em geral, estado de satisfação devido à situação no mundo.   Dentro desta ótica, felicidade difere de bem-aventurança, pois este conceito é o ideal de satisfação independente da relação do homem com o mundo;

Interessante notar que dentro dessas definições, o fato de que a felicidade é um estado de espírito, nos leva a pensar que ela independe de uma ação direta e concreta do ser humano, mas está ligada uma consequência de atitudes e acontecimentos, algumas das vezes independente de nossas ações.

Segue os principais comentários por pensador citado em nosso encontro:

Heródoto:  o que pode atrapalhar esse percurso (busca da felicidade) é a falta de conhecimento de si próprio por parte do ser humano, não saber realmente o que é melhor e a fonte de sua verdadeira felicidade.

Na Grécia Antiga, uma boa morte é o auge da glória:  a honra de se ter uma bela morte; a busca da excelência – Aretê.

Temos assim que felicidade é um conceito humano e mundano: Para Tales – é feliz quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada. Portanto inerente à relação do homem no mundo e entre os homens.

Demócrito – a medida do prazer e a proporção da vida. Manter-se afastado dos defeitos e dos excessos

Aparece o conceito de Ataraxía, significando tranquilidade da alma, ausência de perturbação.  Busca de um equilíbrio emocional mediante diminuição da intensidade das paixões e dos desejos.   É completada pela aponia – ausência de dor, de esforço como sofrimento.  Felicidade pertence à alma, uma vez que somente a alma “é morada do nosso destino”.

Alguns conectaram Felicidade com prazer (Aristipo): Felicidade e prazer tem o mesmo significado, ou seja, é a conexão entre o estado definido como felicidade e a relação com o próprio corpo, com as coisas e com os homens.  Somente o prazer é bem, porque só ele é desejado por si mesmo, sendo portanto, fim em si.  O Fim é o prazer particular, a felicidade é o sistema de prazeres particulares, em que se somam também os passados e os futuros.

Alguns já negavam a possibilidade de felicidade: Para Egesias – os prazeres são demasiadamente raros e passageiros

Platão:  felicidade não está ligada ao prazer, mas sim a virtude

“os felizes são felizes por possuírem a justiça e a temperança; os infelizes por possuírem a maldade”

São chamados de felizes aqueles que possuem bondade e beleza (banquete)

  • Justiça e temperança são virtudes; possuir bondade e beleza significa ser virtuoso – virtude para Platão é a capacidade da alma cumprir seu dever

Aristóteles: insiste em um caráter contemplativo em seu grau de felicidade superior: a bem-aventurança – definindo-a como certa atividade da alma, realizada em conformidade com a virtude.  Ela não exclui, mas inclui a satisfação da necessidade e das aspirações mundana.

  • As pessoas felizes devem possuir as três espécies de bens que se podem distinguir, quais sejam, os exteriores, os do corpo e os da alma.
  • Os bens exteriores desempenham uma função utilitária – além de um certo limite se torna inútil e prejudicial; os bens espirituais quanto mais abundantes, mais úteis.
  • Cada qual merece a felicidade na medida da virtude, do tino e da capacidade de bem agir que possui. A felicidade é, portanto, mais acessível ao sábio que mais facilmente se basta a si mesmo.

Pós-aristotélicos:  se ocupa exclusivamente a felicidade dos sábios

Plotino ressalta a incoerência dos pensamentos anteriores onde afirmam que a felicidade independe das coisas externas e ao mesmo tempo as aponta como objeto da razão.

  • Felicidade é a própria vida. A felicidade do sábio não pode ser destruída pela má sorte, pelas doenças físicas ou mentais, nem por qualquer circunstância desfavorável.

Estes conceitos são adotados pela filosofia medieval alicerçada na revelação divina.

Epicuro defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo.

Pirro de Élis também advogava que a felicidade residia na tranquilidade, porém divergia quanto à forma de se alcançar a tranquilidade.  A tranquilidade viria do reconhecimento da impossibilidade de se fazer um julgamento válido sobre a realidade do mundo.  Tal reconhecimento livraria a mente das inquietações e geraria tranquilidade. Este tipo de pensamento é, historicamente, relacionado à escola filosófica do ceticismo.

Santo Agostinho:  De Beata Vita (a vida feliz) – O centro da felicidade está em Deus.  A busca por algo permanente e espiritual => busca da verdade, da sabedoria e de Deus;

“só a posse de Deus garante e produz a felicidade: se alguma coisa merece ser designada como dom de Deus, certamente é a vida feliz.”

Se a felicidade está em Deus e Deus é a verdade, então a felicidade provém da verdade.  Sem a imortalidade não existe felicidade.

São Tomas de Aquino: Atualiza os conceitos de Aristóteles à luz do cristianismo

“assegura que o homem não vive por acaso, mas a vida humana tem um fim e esse fim é a felicidade.   A felicidade é a vida em Deus, no entanto, o homem precisa conhecer os meios adequados para a sua posse”.   Felicidade é o movimento de retorno à Deus.  É a bem-aventurança – último fim que tende de forma natural a vontade humana.

Bem-aventurança não consiste em:

Bens materiais: a riqueza não tem consistência existencial em si mesma, pois sua razão de ser está fora dela mesma.

Honra: o valor da honra está no sujeito que a confere e não naquele que ela é conferida. É um sinal e testemunho de excelência que está no honrado.

Poder: o poder humano não pode evitar o tormento das preocupações e o medo

A bem-aventurança não se realiza plenamente nesta vida.  Ela se refere a união do homem com o sumo bem.   Felicidade é querer viver em plenitude para sempre.

Locke: felicidade é o maior prazer de que somos capazes, e a infelicidade o maior sofrimento.   É estar tão livre de sofrimentos e ter tanto prazer presente que não é possível contentar-se com menos.

Hume: começa a adquirir significado social, e torna-se a base do movimento reformador inglês

  • Quando se elogia alguma pessoa bondosa e humana nunca se deixa de dar destaque à felicidade, e satisfação da sociedade humana em poder contar com sua ação e com seus bons serviços. Identifica com o que moralmente é bom, é útil e benéfico.

Kant: julgava impossível considerar a felicidade como fundamento da vida moral.   A felicidade é a condição do ser racional no mundo, para quem, ao longo da vida, tudo acontece de acordo com seu desejo e vontade.    Não deriva daquilo que nele é animalidade.   É parte integrante do bem supremo que para o homem é a síntese da virtude e felicidade.  Não é realizável no mundo natural.   É empiricamente impossível, irrealizável.

Hegel: torna-se o ideal de um estado ou condição inatingível, a não ser no mundo sobrenatural e por intervenção de um princípio onipotente.

  • Consequência: desprezo da filosofia quanto a felicidade como objeto de estudo e análise

Bentham; James Mill; Stuart Mill:   a felicidade por depender de condições e circunstâncias objetivas além das atitudes do homem, não pode pertencer ao homem em sua individualidade, mas só ao homem enquanto membro de um mundo social.

Utilitarismo, doutrina que dizia que a felicidade era o que movia os seres humanos. Segundo o utilitarismo, os governos nacionais têm, como função básica, maximizar a felicidade coletiva e bem estar.    A constituição Americana incluiu entre os direitos naturais e inalienáveis do homem a busca da felicidade

Russel:  é uma condição indispensável:  a multiplicidade dos interesses das relações do homem com as coisas e com os outros homens, portanto a eliminação do egocentrismo, do fechamento em si mesmo, e nas paixões pessoais    => posição diametralmente oposta a auto-suficiência do sábio pensada na Grécia Antiga

Romantismo: exaltação da infelicidade, da dor, dos estados de perturbação e insatisfação como experiências positivas e regozijadoras.

Nietzche:   “a felicidade é frágil e volátil, pois, só é possível senti-la em certos momentos.  Na verdade, se pudéssemos vivenciá-la de forma ininterrupta, ela perderia o valor, uma vez que só percebemos que somos felizes por comparação.

A felicidade é um efeito colateral.  Aqueles que fazem grandes coisas sofrem muito.

Amor Fati: o amor pela vida como ela é.  A busca de um ideal é um erro.  Quem busca um ideal está constantemente frustrado.

Eterno retorno: viva a vida de tal maneira que deseje repetir infinitas vezes.  O momento presente é eterno.  Estamos presos no presente.

Encerrando nossa conversa, retomamos as perguntas que nos trouxeram a este encontro:

O que é a Felicidade? Ela é possível? Ela tem um caráter individual ou pode ser geral? O que você precisa fazer para ser feliz?

Podemos considerar que a felicidade está atrelada à sua visão de mundo.  Portanto, é factível dependendo de como você a vê, e de como a trata como algo que depende de uma ação ativa, ou de um reflexo passivo do mundo exterior, inclusive o divino.

Concretamente de modo geral, está associada a instantes, e condições específicas, sendo mais dificilmente atingível, quanto maior as possibilidades e horizontes da pessoa.

Todos os seres humanos buscam a felicidade. Pois o sentimento de insatisfação gera a busca contínua pela felicidade.   A Felicidade possui um valor único e pessoal.

Devemos voltar para Heródoto e buscar o conhecer a si mesmo.

Lembremos que somos um ser em transformação (Heráclito); mantemos em mente o conceito de potência de Spinoza (amamos aquilo que nos dá mais energia – mais potência); lembremos de como determinamos nossas atitudes para enfrentar o que não está sob nosso controle (virtu e fortuna de Maquiavel), e transformar nossas rotinas (Nietzche).

Sejamos todos felizes – a nosso modo e dentro do nosso círculo pessoal.

 

Carmen Ruiz e Paulo F. Lima  – SP, 18 de outubro de 2018